Oscar Niemeyer e Paulo Niemeyer
– Oscar Niemeyer, guarde bem este nome!
Paulo Niemeyer
(fragmento do capítulo Memórias)
Para falar de Oscar Niemeyer, se faz necessário que eu me apresente: sou bisneto de Oscar e convivi com ele por anos, trabalhando e morando juntos. Tínhamos uma rotina de tomar café juntos pela manhã, tempo em que aproveitávamos para falar sobre tudo e a agenda que teríamos. Em seguida, íamos para o escritório trabalhar até a hora do jantar – quase sempre no mesmo restaurante, ao lado do escritório. Por muitos anos, foi o Lucas, na praia de Copacabana, e, mais recentemente, no Terzetto, em Ipanema. Depois, íamos para casa onde, quando à noite todos já dormiam, muitas vezes Oscar pedia para buscar uma caneta e papel e continuávamos a trabalhar, terminar textos inacabados, ideias não finalizadas e projetos. Quando o tempo estava calmo, tranquilo, e algo não ocupava a impaciência do Oscar de terminar o que estava desenvolvendo, ficávamos a conversar sobre a vida e assuntos do momento como política e família, assunto sempre recorrente em nossas conversas.
Brinco com colegas e arquitetos que sou um filho da arquitetura pois, sem a criação e a epopeia da construção de Brasília, eu com certeza não estaria aqui escrevendo este texto. Meu pai, um jovem querendo se formar em arquitetura, morador de São Paulo, se aventura a ir para o Centro Oeste do Brasil onde, nas décadas de 50/60, se iniciava a construção da nova capital. Ao chegar lá, trabalha com grandes arquitetos como João Filgueiras Lima (o Lelé), entre outros, inclusive meu bisavô Oscar Niemeyer, com quem passa a trabalhar e conviver, conhecendo minha mãe, Ana Elisa, sua neta…
Oscar Niemeyer, keep this name in mind!
Paulo Niemeyer
(excerpt of the Memories chapter)
To talk about Oscar Niemeyer, let me introduce myself: I am Oscar’s great-grandson, and I have lived with him for years, working and living together. We had a routine of having breakfast together in the morning, a time when we took the opportunity to talk about everything and the schedule we would have. Then we’d go to the office to work until dinnertime – often in the same restaurant nearby. For many years, it was the Lucas in Copacabana beach and, more recently, the Terzetto in Ipanema. Then we would go home where, when everyone was asleep at night, Oscar would often ask me for a pen and paper, and we would
continue working, finishing unfinished texts, unfinished ideas, and projects. When the weather was calm, and something didn’t occupy Oscar’s impatience to finish what he was developing, we would talk about life and current issues such as politics and family – always a recurring subject in our conversations.
I joke with colleagues and architects that I am a son of architecture because, without the creation and construction of Brasília, I would certainly not be here writing this text. My father, a young man, who wanted to graduate in architecture, and a São Paulo resident, ventured to the Midwest of Brazil in the 50s/60s, where the construction of the new capital began. Upon arriving there, he worked with great architects such as João Filgueiras Lima (Lelé), including my great-grandfather Oscar Niemeyer, with whom he started to work and live, meeting my mother Ana Elisa, Niemeyer’s granddaughter…